quinta-feira, 9 de junho de 2011

Aula de Educação Física não precisa ser só futebol e vôlei

Aula de Educação Física não precisa ser só futebol e vôlei
Luigi Parrini - Agência USP
Atividades pouco ortodoxas
Uma escola pública em Itapevi, na Grande São Paulo, presenciou aulas de educação física com atividades pouco ortodoxas, nas quais osesportes conhecidos, como futebol e basquete, foram deixados de lado.
A "pesquisa-ação", desenvolvida pelo professor Mauro André, ofereceu oportunidades para os alunos modificarem regras e trazerem brincadeiras da rua para o ambiente escolar, de modo a alterar as relações dos jovens com a disciplina e o comportamento de cada um em determinada modalidade. Esse comportamento na prática de jogos foi analisado a partir de quatro temas: conflitos, cumprimento de regras, competitividade e expressividade.
Pesquisa-ação
O trabalho é definido por Mauro André como "pesquisa-ação", em que o papel de professor é mais importante que o de pesquisador. Ele quis aliar seu interesse pela literatura sobre o "teaching games for understanding" (ensino de jogos para a compreensão), em que a prática do jogo é permeada pela reflexão do jogo em detrimento da competição, a um trabalho que "fosse aplicável, voltado para os professores". Dessa forma, nasceu a experiência relatada em dissertação de mestrado defendida em junho de 2007 na Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP.
O pesquisador foi concursado pela Rede Estadual de Ensino em 2006 e ficou responsável pelas turmas de 5as e 8as. séries. Com o projeto em mente, resolveu aplicá-lo em duas turmas de 5as séries, pois os alunos estavam menos "esportizados", e a dificuldade de implementação seria menor.
Brincadeiras de rua
Durante o primeiro semestre do ano, os alunos foram apresentados a diversos jogos, tais como "pelo cano" e "guerra dos cones", os quais, segundo André, eram desconhecidos para eles, já que sabiam apenas da existência dos "esportes que passavam na televisão". Esses jogos desconhecidos foram denominados "expostos" e constituem a primeira parte das atividades desenvolvidas pelo professor com a sala.
Criando novas modalidades de jogos
No segundo semestre, o objetivo foi o desafio de os alunos modificarem jogos já conhecidos por eles e trazerem modalidades desconhecidas tanto para os colegas de sala quanto para o professor, o que o pesquisador denominou, respectivamente, "jogos transformados" e "jogos espontâneos".
André escolheu esse período para filmar praticamente todas as aulas e selecionar quatro, que foram usadas para a análise de como os alunos lidavam com novos conjuntos de regras e situações de jogo.
Foram incluídos no trabalho dois jogos expostos ("pelo cano" e "guerra dos cones"), um jogo transformado (queimada) e um jogo espontâneo ("sete cacos").
Como funcionam os jogos
Em "pelo cano", os alunos, em dois times, têm que passar bolas de tênis por caixas de papelão com um orifício. Há três caixas de papelão e o objetivo do jogo é jogar a bola para que ela passe por dentro das caixas, sem que fique parada dentro delas. Para a realização de um passe, o jogador precisa fazer com que a bola toque ao menos uma vez no chão, antes que seu companheiro de equipe a pegue.
Já em "guerra dos cones", dois times tentam derrubar as garrafas uns dos outros, protegidas pelos membros da equipe adversária. Quatro ou cinco bolas fazem parte do jogo e podem ser arremessadas em direção às garrafas tanto com os pés quanto com as mãos.
Jogo de queimada e sete cacos
A queimada foi modificada de modos diferentes pelas duas salas: a primeira eliminou a figura do "morto", competidor que, após ser atingido pela bola, permanecia à parte do jogo. Depois das mudanças, ele apenas troca de time. A segunda turma manteve o "morto", mas criou uma forma de "salvação", o pênalti de futebol, cuja cobrança deveria ser confirmada por aquele que "queimou" para efetivar a jogada.
O jogo espontâneo, trazido por um aluno, foi o "sete cacos". Dois times têm objetivos diferentes em relação a uma pilha de cacos de telha no meio da quadra: quando um time derruba a pilha, este mesmo tem que empilhá-la de volta, enquanto o outro tenta "queimar" o adversário, atingindo-o com a bola.
Alterações no relacionamento meninos/meninas
O professor destaca a mudança de comportamento das crianças de acordo com o jogo no qual está inserida. Havia jogos em que meninos e meninas não se relacionavam bem. "Na queimada com pênalti, os meninos não admitiam perder para elas ou sequer contar com a presença feminina".
Eles e elas também encaram a competitividade de maneira diferente. "A motivação masculina é extrínseca, ganha-se para falar aos outros. As meninas cultivam mais o prazer pelo jogo, uma motivação intrínseca."
Dificuldade diminui competitividade
Em jogos cujo grau de dificuldade é maior, a competitividade diminui. "Em 'pelo cano', era necessário lidar com novas habilidades. Já em 'guerra dos cones', a presença de muitas bolas em quadra criava vários focos de atenção, diminuindo o número de conflitos", explica o pesquisador.
No jogo espontâneo, a sala do menino que trouxe a brincadeira não pediu a interferência do professor na decisão de regras, já que a brincadeira era de propriedade deles.
Poucos conflitos
André enfatiza que houve poucos conflitos, pois se aumentou a oportunidade de jogar e a variedade de jogos que compreendem mais tipos de habilidades. Outra observação do professor é que surgiram "discussões políticas em final de aula" para defesa de interesses e pontos-de-vista sobre as regras do jogo. "O jogo, a cultura e o jogador estão sempre ligados", afirma o pesquisador.

Exercícios físicos diminuem consumo de remédios

10/08/2010
Exercícios físicos diminuem consumo de remédios
Fabio Reynol - Agência Fapesp











Hábito de exercitar
Mulheres acima dos 60 anos que praticam 150 minutos de atividades físicas moderadas por semana, comocaminhadas, consomem menos remédios em comparação às que não têm o mesmo hábito.
A conclusão é de Leonardo José da Silva, em uma pesquisarealizada na Universidade Federal de São Paulo (USP).
Os resultados do estudo de Silva foram apresentados em maio no 3th International Congress Physical Activity and Public Health realizado em Toronto, no Canadá.
Programa de Saúde da Família
Silva acompanhou 271 mulheres com idade acima de 60 anos que participaram do Programa de Saúde da Família, organizado pela Prefeitura Municipal de São Caetano do Sul, na Grande São Paulo.
As participantes que cumpriram um programa de exercícios variados de no mínimo 150 minutos semanais apresentaram consumo de medicamentos 34% menor em comparação às mais sedentárias.
"Esse tempo mínimo de exercícios de 2,5 horas semanais é preconizado pelaAmerican Heart Association e pelo American College of Sports Medicine", conta Silva.
Com menos de 10 minutos semanais de atividade física o indivíduo é considerado sedentário e entre 10 minutos e 150 minutos de exercícios por semana ele é categorizado como insuficientemente ativo.
Silva contou com uma parceria entre a Unifesp e o Centro de Estudos de Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul (Celafiscs). Guiomar Silva Lopes, professora do Departamento de Medicina Preventiva da Unifesp e orientadora de Silva, considera o programa oferecido pela cidade paulista aos idosos uma valiosa fonte de pesquisa. "Trata-se de uma população pequena e estável, o que facilita o acompanhamento dos participantes durante prazos mais longos", disse.
Exercícios e remédios
As atividades físicas disponibilizadas incluem caminhadas, exercícios de aprimoramento de força muscular, equilíbrio, flexibilidade e capacidade aeróbica. Há também visitas domiciliares feitas por agentes de saúde, nas quais os idosos são incentivados a praticar atividades físicas frequentes, como ir ao mercado ou fazer um passeio a pé.
O consumo de remédios das participantes da pesquisa foi avaliado por meio do cadastro da Secretaria Municipal da Saúde de São Caetano do Sul. Na base de dados estão registradas informações relevantes sobre todos os participantes do Programa de Saúde da Família, incluindo os medicamentos consumidos regularmente.
Segundo Guiomar, os resultados do estudo poderão subsidiar políticas públicas que incentivem a atividade física visando à prevenção e controle das doenças crônicas associadas ao envelhecimento, reduzindo despesas com medicações e internações.
"Podemos perceber a importância desse estudo ao constatar que o idoso consome, no mínimo, cinco medicamentos associados a doenças ligadas ao envelhecimento", disse a orientadora.
Caminhada para longe dos remédios
A relação causa e efeito entre atividade física e consumo de medicamentos ainda está sendo estudada. A redução dos níveis de pressão arterial proporcionada pela atividade física é uma das hipóteses levantadas pelo estudo de Silva, uma vez que a doença é uma das mais comuns entre a população idosa, estando presente em mais da metade das pessoas acima de 60 anos.
O diabetes, com prevalência de 25% entre idosos, é outra enfermidade afetada pelo nível de atividade física. "Há estudos indicando que exercícios respiratórios aumentam a sensibilidade do organismo à insulina", comentou a professora da Unifesp.
Esse efeito é importante para as pessoas em cujos organismos a insulina não atua de maneira eficiente. "A resistência à insulina tem alta prevalência na população idosa e se caracteriza pela menor resposta à insulina, com aumento discreto da glicemia e da insulinemia. Estes fatores juntos contribuem para a obesidade e o aumento do risco de doenças cardiovasculares", disse.
Exercícios para mulheres
As mulheres são as que mais se beneficiam da prática de atividades físicas, no caso levantado em São Caetano do Sul. Guiomar conta que a pesquisa se restringiu ao público feminino porque ele representa a grande maioria dos participantes do programa.
A professora ressalta que não são completamente conhecidas as razões que levam a menor participação masculina nessas atividades. "Sabemos que a mulher tem expectativa de vida um pouco maior do que a do homem, aumentando a frequência de mulheres viúvas e sozinhas, porém esse fato não explica a absoluta ausência masculina", disse.
Segundo Silva, o estudo destaca o fortalecimento da medicina preventiva, área que se encontra em crescimento e tem laços com a educação física. "A prescrição de medicamentos ainda é preponderante na prática médica. Podemos diminuir esse consumo de remédios com métodos de prevenção baratos e simples como a atividade física", sugeriu.

Aulas de educação física melhoram rendimento escolar

Aulas de educação física melhoram rendimento escolar
Redação do Diário da Saúde
Para o corpo e para a mente
Diminuir as atividades físicas e recreativas para que os estudantes fiquem mais tempo na sala de aula, em vez de melhorar as notas, tem um impacto negativo sobre o aprendizado.
A revelação foi feita durante a reunião anual das Sociedades Acadêmicas Pediátricas, que está se realizando em Denver, nos Estados Unidos.
O estudo reforça as evidências de que as atividades físicas são benéficas não apenas para o corpo, mas também para a mente.
Atividades físicas criativas
Kathryn King e Carly Scahill, pediatras do Hospital Infantil da Universidade da Carolina do Norte, testaram um programa de atividades físicas entre crianças do primeiro ao sexto ano, todas apresentando notas abaixo da média.
Antes do programa, as crianças tinham uma única sessão de atividades físicas de 40 minutos, uma vez por semana. As aulas de educação física foram estendidas para toda a semana - 40 minutos por dia, cinco dias por semana.
Mas não se trata apenas de correr, saltar ou fazer polichinelos. O programa envolve atividade de treinamento de movimentos, como traçar formatos no chão com giz ou dar nomes às cores de cada degrau enquanto saltam para baixo ou para cima por uma escada colorida.
Crianças maiores também participaram de exercícios monitorados em aparelhos, como uma esteira que mostrava noções de geografia enquanto a criança corria ou uma parede de alpinismo cujos números vão mudando conforme a criança ascende na escalada.
Mente sã em corpo são
As pesquisadoras compararam as notas dos estudantes em testes padronizados antes e depois do programa de atividades físicas.
Os resultados mostraram que o tempo investido nas atividades físicas e lúdicas tem bom retorno.
O percentual de estudantes que atingiu a nota mínima passou de 55% antes, para 68,5% depois da participação no programa.